Cine Marrocos | Cultura Atemporal

Fonte: Acervo da Autora

Inaugurado em 1953, o Cine Marrocos foi responsável pela projeção de filmes até 1986. Por mais que não seja considerado patrimônio cultural, é reconhecido como espaço multicultural da região marabaense. É imprescindível registrar que esse ambiente estimulou a cultura, a educação e o engajamento social de muitos moradores por 33 anos, criando assim uma memória histórica de grande impacto na região.

A memória é apreendida, aqui, como um conjunto de representações em permanente reelaboração, construída — individual e coletivamente — por diferentes materialidades acerca das experiências sociais, temporais e espaciais. O patrimônio, por sua vez, é entendido como um conjunto material e imaterial de bens culturais construídos por diferentes sociedades, no tempo e no espaço, e concorre como força produtora das representações sociais das experiências humanas no tempo. (CAVALCANTI, p.3, 2019)

 Como visitante do ambiente, digo que adorei ter realizado minha experiências pessoais ali. Minha formatura do ABC pensada pelo Colégio Monte Castelo me proporcionou momentos únicos que tenho até hoje muito bem guardados nas fotografias que não desbotaram com o tempo. Além disso, anualmente lembro das apresentações de Sarau do Colégio Alvorada no Cine Marrocos, o qual inseria a juventude no ambiente das artes cênicas também!

Além de toda a experiência que vivi também trago relato de Maria Aparecida Soares de Souza, residente da cidade de Marabá por 58 anos e que também traz boas memórias desse espaço multicultural.



Fonte: Acervo da Autora


Mas é importante destacar que, por ser uma construção de cunho sociopolítico, econômico e social, deveria também ter uma restrição de pessoas, o que estimulava também a desigualdade social no âmbito cultural.

É oportuno ressaltar que, entre as décadas de 1960 e 1980, Marabá era uma das poucas cidades — além da capital, Belém — onde existia sala de projeção de filmes. O cine Marrocos era, portanto, o principal lugar de encontros, trocas e sociabilidades e, por conseguinte, era também lugar de distinção social. (CAVALCANTI, p. 14, 2019)

Como Cavalcanti retrata, deve-se entender muito bem as peculiaridades do objetivo da construção para analisá-la como patrimônio histórico e cultural. Portanto, observar em qual período, por quem, para quem e para quê essa construção arquitetônica se consolidou é essencial para compreender a inserção da cultura marabaense como um todo.

Na minha opinião, a construção arquitetônica deve ser considerada um patrimônio histórico na região assim como um patrimônio cultural também. Por mais que tenha sido criado desenvolvendo distinções sociais, acredito que a cultura deve ser incentivada para cada cidadão independente da sua classe social. Dessa forma, o incentivo seria facilitado se acontecessem políticas públicas em um lugar histórico como o antigo Cine Marrocos. 

- escrito por: Ana Isabella Souza Costa


REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, Erinaldo. Para destruir a memória e demolir o patrimônio: algumas questões sobre a história e seu ensino. Revista Brasileira de História da Educação, v. 19, 2019.

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